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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

"Bolas no nariz", Crônica de Ruy Castro

"Se você sempre admirou aquela frase, "Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja" --sim, é o começo de "Grande Sertão: Veredas", de Guimarães Rosa--, e se imaginou reescrevendo o livro a partir daí com suas próprias palavras, saiba que isso logo será possível. É só o Brasil adotar a nova plataforma da Amazon, a Kindle Words, pela qual os fãs de um livro terão o direito de imiscuir-se nele e se apoderar de seus personagens, podendo até vender sua "criação", aliás chamada de "fan fiction".
Para que o autor original ou seus herdeiros não fiquem aborrecidos ou se sintam roubados, a Amazon pensou em tudo. Por um valor xis, o autor ou herdeiros terão "licenciado" o livro para quem quiser meter-lhe o bedelho --e esta será uma maneira de ganhar algum dinheiro com literatura, já que, pelo que a Amazon decidiu, os royalties dos escritores deixarão de existir. No novo mundo digital, o direito de apropriar-se, copiar, reproduzir, parodiar e negociar textos alheios estará assegurado.
Segundo os ideólogos dessa pirataria, a receita de um escritor não virá mais dos livros que ele vender, mas do que estes lhe renderão em aparições pessoais, palestras, programas de TV, mesas-redondas na Flip e "produtos associados" --por exemplo, o escritor só dará entrevistas usando um boné do Gatorade ou do Fosfosol, sendo pago por isso. Autores capazes de equilibrar bolas no nariz levarão vantagem sobre os gagos, os com língua presa ou qualquer dificuldade para falar em público e que prefeririam ficar em casa, quietinhos, escrevendo.
Enfim, é o futuro. O mesmo que os compositores de música popular, que não têm saúde ou disposição para fazer shows, já estão vivendo. Se não cantarem para uma plateia ao vivo, não comerão.
Por via das dúvidas, vou começar a treinar as bolas no nariz."


ruy castro Ruy Castro, escritor e jornalista, já trabalhou nos jornais e nas revistas mais importantes do Rio e de São Paulo. Considerado um dos maiores biógrafos brasileiros, escreveu sobre Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda. Escreve às segundas, quartas, sextas e sábados na Página A2 da versão impressa.

Crônica publicada na Folha de São Paulo, em 28 de agosto de 2013. 
 
Fonte:  http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ruycastro/2013/08/1332955-bolas-no-nariz.shtml.

Eleição para a Academia Pernambucana de Letras



APL

Maria Lectícia eleita para a academia

Herdeira intelectual de Gilberto Freyre, escritora vai ocupar o mesmo lugar em que sentava o mestre

 
A Academia Pernambucana de Letras está mais temperada. A pesquisadora e escritora Maria Lecticia Monteiro Cavalcanti, especialista entusiasmada e militante em gastronomia, aguarda, agora, a data oficial para tomar posse da cadeira de número 23 – a mesma, coincidentemente, ocupada por Gilberto Freyre, o primeiro grande intelectual brasileiro a tratar literária e sociologicamente a importância da cozinha no Brasil.
Lecticia foi eleita imortal na última terça-feira com 37 dos 38 votos possíveis. “Fiquei muito feliz com a eleição. Não apenas porque estar na Academia Pernambucana de Letras é um privilégio para poucos. Mas porque esse é o reconhecimento de um trabalho feito há anos. E também, claro, porque os acadêmicos reconhecem a importância de gastronomia, que não deixa de ser uma linguagem”, diz a escritora.
O último livro publicado por Maria Lecticia é um fluente e caudaloso ensaio sobre a importância da gastronomia na vida e na obra de Gilberto Freyre, numa edição fluida, mas entrecortada por verbetes e índices remissivos que facilitam a consulta de pesquisadores.
Fruto de cinco anos de pesquisas, releituras e ilações, Gilberto Freyre - As aventuras do paladar (edição da Fundação Gilberto Freyre), reúne análises e nada menos que 1.300 referências de Freyre à alimentação em seus livros, apresentadas de uma maneira clara, didática, enciclopédica.
Maria Lecticia já assume a cadeira 23 com um produto intelectual para a APL. Simbolista e curiosa com a cadeira que ocupará, fez uma pesquisa sobre todos os intelectuais que nela sentaram oficialmente. “Vou dar de presente essa pesquisa para a APL”, diz ela. “Eu não poderia tomar posse sem saber exatamente quem foram as pessoas que a ocuparam antes.” Além de Freyre, a 23 já pertenceu a nomes como Evaldo Coutinho e Gilberto Osório – “que era, além de intelectual, um grande gourmet”.
A nova acadêmica se sente animada a investir na produção de livros para além dos assuntos relacionados a tudo que a mesa pode evocar. “Mas sempre com pesquisa, meu princípio de trabalho é sempre a pesquisa”, rubrica.
A autora está com outro grande volume no prelo. Esses pratos maravilhosos e seus nomes esquisitos já teve os originais entregues à editora Gilberto Freyre. No livro, ainda sem previsão de lançamento, ela explica a origem de 72 pratos clássicos. Os chefs Duca Lapenda e Lícia Maranhão ilustram com receitas os verbetes da obra.
O livro não teve um tempo certo de confecção. Além de novos temas, a escritora compilou artigos ao longo da carreira sobre a origem de receitas emblemáticas. “Há pratos que nós incorporamos como nossos que são de origem distante. Pratos sobre os quais a gente não sabe direito quem são as pessoas que homenageiam”, diz.
Um exemplo curioso entre os pesquisados, lembra Lecticia, é o do crepe Suzette. “O príncipe Eduardo, de Gales, filho da Rainha Vitória, foi a um restaurante e, então, pediu um crepe. O garçom, por acaso, derrubou o conhaque e, então, flambou o crepe. Como forma de se desculpar, disse que batizaria a receita com o nome do príncipe. Mas ele pediu que sua acompanhante, Suzette, fosse homenageada”.
A autora, agora, reúne também fôlego para uma grande obra sobre a história do açúcar. “Achei que o livro sobre Freyre seria bem mais rápido. Mas a pesquisa cresceu”, diz ela, consciente de que esse livro vai consumir alguns bons anos. Inclusive com pesquisas internacionais. “Já estive na Ilha da Madeira, na Torre do Tombo de Lisboa. Mas tenho prazo para concluir”, diz Maria Lecticia, confirmando a meticulosidade da pesquisa como uma de suas principais características.

Fonte: http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/literatura/noticia/2013/08/28/maria-lecticia-eleita-para-a-academia--95245.php

Boa sorte, meu amor



CINEMA

Pernambucano Boa sorte, meu amor estreia no Cinema da Fundação

Filme foi premiado em Locarno e no Festival de Brasília

Publicado em 30/08/2013, às 06h02, no JC Online

Ernesto Barros

Com cerca de 10 longas-metragens produzidos ao ano, a cinematografia pernambucana se destaca pela diversidade de olhares e propostas. Apesar de saudável, essa regra nem sempre deve ser levada ao pé da letra. Sem muita explicação lógica, os filmes se relacionam entre si para além da vontade de seus autores e formam, às vezes, corpos que se correspondem. Politicamente. Socialmente. Artisticamente.
Três filmes pernambucanos, realizados no ano passado e explorados comercialmente em 2013, são irmãos siameses em toda sua extensão física. Um deles, muito visto e badalado com muita justiça, é o arrasador O som ao redor, de Kleber Mendonça Filho. Seus outros dois irmãos começam agora a serem conhecidos do grande público. O primeiro é Boa sorte, meu amor, de Daniel Aragão, que estreia nesta sexta (30/08) no Cinema da Fundação. O outro é Eles voltam, de Marcelo Lordello, ainda inédito no circuito, mas com data de estreia para muito breve.
Mas o que eles têm em comum além do fato de serem filmes pernambucanos? Mesmo numa rápida olhada, os três longas capturam uma fissão, quase geológica, que marcou nossa formação política e socioeconômica. Independentemente de seus estilos, cores e ritmos, nos vemos capturados em nosso passado escravocrata e coronelista – seja no Agreste, no Sertão ou na Zona da Marta –, que tem o Recife como epicentro de séculos de diferenças. Vimos isso na milícia urbana de O som ao redor, na brancura profunda do Sertão de Boa sorte, meu amor, e na miséria das bordas da zona canavieira em Eles voltam.
Boa sorte, meu amor, assim como os outros dois filmes, fogem a nomenclaturas. São filmes estranhos, incômodos, ferinos – se assemelham a pedras cheia de quinas, daquelas que cortam por todos os lados. No Festival de Brasília, quando foi exibido pela primeira vez no Brasil para uma grande plateia, o filme surgiu como um disco voador no Planalto Central.
Assim como O som ao redor, Boa sorte, meu amor também é estruturado em três tempos. São filmes extremamente sonoros, musicais e sensoriais (no bom sentido da palavra). Nos dois primeiros tempos, o cineasta deixa entender que irá enveredar para uma história de amor nos tempos do cólera no Recife, uma cidade cada dia mais desfigurada pela sistemática destruição de sua memória urbana e a construção de pilastras de concreto e metal. No entanto, quando se esperava a continuidade de um romance normal, embora complicado, Daniel nos leva para uma descida aos infernos.
Por meio de dois personagens jovens – que têm suas raízes no Sertão do Estado, mas que vivem no Recife – , Daniel faz de Boa sorte, meu amor um tratado etnológico sobre seres com a psique entulhada de tradição, nome e propriedade. Ensimesmado pela certeza da falência amorosa, o personagem Dirceu (Vinicius Zinn, da série Alice, da HBO) não consegue se apegar a coisas – vive num apartamento semivazio – nem a pessoas. Mas quando ele vê Maria (a beldade Christiana Ubach), uma garota de rosto angelical que vive de bicos como promotora de ponto de vendas, ele sai da inércia.
Filmado em um preto e branco e expressionista em suas intenções, Boa sorte, meu amor é um fascinante retrato da alma atormentada do ser humano.

Fonte: http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/cinema/noticia/2013/08/30/pernambucano-boa-sorte-meu-amor-estreia-no-cinema-da-fundacao-95523.php.


5° Simpósio Hipertexto e Tecnologias na Educação - Aprendizagem móvel




Entre 13 e 15 de novembro de 2013, a Universidade Federal de Pernambuco abrigará o 5° Simpósio Hipertexto e Tecnologias na Educação, que discutirá o tema “Aprendizagem móvel (m-learning) dentro e fora da escola”. 
O evento apresentará ações pedagógicas implementadas com o suporte das novas tecnologias digitais de informação e comunicação para suscitar o diálogo entre pesquisadores e professores do Ensino Básico, fornecendo-lhes subsídios que possibilitem práticas docentes mais eficazes e prazerosas. 

9º Prêmio Maximiano Campos de Literatura


Participe do 9º Prêmio Maximiano Campos de Literatura. 
Acesse o regulamento no nosso site. http://www.imcbr.org.br/2012/?p=2118
Link para a inscrição: https://www.facebook.com/pages/Instituto-Maximiano-Campos/177094865728210?sk=app_203351739677351&app_data.



Oficina de Lançamento do Edital do Funcultura






Com o objetivo de orientar produtores e artistas da Região Metropolitana do Recife na elaboração de projetos para o edital Cultura 2014, a Diretoria de Formação Cultural da Secult-PE e Fundarpe, em parceria com a Representação Regional do Ministério da Cultura no Nordeste (RRNE-MinC) realizará hoje (30/08), às 18h, uma oficina de lançamento que capacitará sobre o edital. O encontro acontecerá no Teatro Beberibe, localizado no Centro de Convenções (Av. Professor Andrade Bezerra, s/n. Salgadinho Olinda/PE). Leia mais: http://bit.ly/16F3uYp.

Escambo de Livros no 11º Festival Recifense de Literatura - A Letra e a Voz.





Nesta sexta-feira (30/08/2013), das 14h até as 18h, dentro do 11º Festival Recifense de Literatura - A Letra e a Voz, terá Escambo de Livros, no Museu Murilo La Greca.
Tire aquele livro empoeirado da estante e troque por um novo. Dentre os 70 exemplares que já estão no balaio, "A morte de Ivan Ilitch e Os três anciãos", de Léon Tolstoi e "Fernando e Isaura", de Ariano Suassuna.
O Escambo de Livros, ação da Coordenadoria de Literatura da Fundarpe e Secult-PE acontecerá no festival a partir de uma cooperação com a Fundação de Cultura do Recife.

Fonte: FUNDARPE.